sábado, 16 de outubro de 2010

Se ao menos me lesses...
mas penso que mesmo que me lesses embora na minha fantasia virias para mim, arrebatavas-me um beijo e tudo ficaria bem, só por estar contigo
mas a fantasia é só lirismo
ambos sabemos que na realidade não farias nada disso
ficarias mais uma vez acomodado no teu cantinho e consumirias-te de auto penas
e convensirias-te que não te mereço que sou algo demais pra ti
Mas só o sou precisamente porque não te meches porque não me queres o suficiente para me amares de verdade.
Tantas vezes quero gritar que te odeio!! Que te quero fora da minha vida. Já to disse mas não funcionou. Continuas cá feito lapa presa, agarrada, incutida dentro de mim. Estás encastrado no meu ser e por mais que tente arrancar-te mantens-te aqui, sempre. às vezes sinto-te como uma moinha, latente levemente, algures debaixo da pele em dor difusa. Outras vezes apareces de rompante, trovejante, deixas-me com dores agudas, como facadas cravejadas na minha respiração.
E sinto-me sempre e cada vez mais impotente. E com o tempo que passa mais dificil é libertar-me de ti, da bengala que és que me sustenta mas ao mesmo tempo me impede de andar.
E vais-me carcomendo, vais corroendo dentro de mim a minha capacidade de amar alguém porque desde que te acomodaste dentro de mim que ocupaste tanto espaço que não sobra quase nenhum pra mais ninguém. Esse pequeno espaço livre vai-se enchendo com os despojos dos dias, com o entulho das relações efemeras que vou vivendo, com o pó do tempo e com o peso da magoa e da descreça.
Eu estou a tentar porra!! Estou a tentar mesmo muito!!! Mas mesmo assim nada aconteçe.
Chiça penico!! Cobras e lagartos, raios e corriscos, com mil milhões de macacos!!!!
Que fazer então?!
Continuo a tentar mais um pouco!!
Continuar a acreditar que as coisas podem aconteçer para mim, lutar com todas as minhas forças contra a desilusão contra a auto comiseração, contra a tristesa, contra a descrença!!
Preciso de continuar a acreditar que é possivel, parar de me comparar com os outros e chamar energias positivas!! Mas é tão dificil

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

se estás sozinho, estás sozinho
fáz-te medo o silêncio? Faz-te medo o vazio?
Faz-te medo dormir sozinho,
não passaste a fase
não percebeste que não há monstros debaixo da cama?
se calhar o que não percebeste é que esse sentimento de abandono não te vai deixar enquanto não o enfrentares pelos cornos.

Eu não tenho medo de estar sozinha
o meu medo é que fique demasiado confortavel para voltar algum dia a não estar sozinha outra vez.
Talvez nisso sejamos opostos.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Há muito trambolho emocional por ai andando aos trambulhões,
caindo e empurrando atravéz das multidões.
Perdem-se, esperam, ficam quietos,
levantam-se vão agarrados às paredes pra não perder o tino.
Entretanto vão perdendo muito pelo caminho,
perdem amigos, perdem pessoas, perdem coisas,
perdem-se a si mesmos pedaçinho a pedaçinho.
Depois vão ter que ir atráz das migalhinhas
pra encontrar o caminho de volta,
empanturrados de chocolate,
enpanturrados de imediatos à procura da consistência
da casa, daquele sentimento familiar de lar.
Ninguém me lê. por um lado ainda bem posso divagar, posso se quiser dizer as maiores atrocidades porque se ninguém as ler não têm peso, não ganham consistência, não ganham presença, não existem, não são.
É aquela teoria do quarto escuro, sem luz tudo o que possa lá estar não está não é visivel cabe a penas no campo do nulo,...
ou talvez não talvez cabe lá tudo porque está no campo das infindaveis possibilidades.
Bom então ficamos entre o nada e o tudo, não consigo decidir qual deles. Gosto dos dois.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

O tempo voa depressa demais. O tempo corre, corre feito velocista em prova de olímpicos. Quando dou por mim já foi, já passou mais um dia, mais uma semana, mais um ano e mais uma década. Tenho uma ligeira sensação que qualquer dia dou por mim e já passou uma vida.
Corre, corre, mas não me apetece correr, eu não sou velocista, gosto muito mais do passo de passeio, ir com calma, parar para apreciar a paisagem, reflectir, respirar, expirar, inspirar
Observar lentamente as coisas

Descalça

Sapatos estranhos, tenho estado
Com uns sapatos estranhos calçados
Faz já algum tempo
Ando a ansiar por andar
Descalça a correr
Tenho tentado descalçar esta bota
Que não bate a bota com a perdigota
Chamei a calçadeira,
E tentei , puxei
Mas nada funciona
Estes estranhos sapatos não me querem largar
Insistem em ficar

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Fora

Estou sempre fora...
fora de tempo, fora de contexto, fora de mim...
pra fora da vida dos outros

passo a vida a levar foras e não percebo porquê

acho que sou como qualquer outra pessoa ou não?
digam-me voçês porquê?

vivo, estou, sinto, experimento, levo pancadas, caio como qualquer outra pessoa
mas ao mesmo tempo parece que o tempo pára, parece que não estou cá, parece que nada acontece para mim

só quero o mesmo que qualuqer outra pessoa
só quero sentir, viver, acontecer, realizar os pequenos sonhos que tenho
eu não peço muito... ou será que peço? da vida, das coisas, das sensações, das pessoas...

estou triste hoje

estou irritada

estou cansada de desejar e esperar

estou farta!!

pronto tenho dito!!

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

descrenças e enganos, deixam-me cansada

Passo tanto tempo a cair sempre no mesmo buraco, a tentar desviar-me do socos mas a apanha-los sempre de frente, bem no meio da testa

apre!! chiça!!! porra!!

já não percebo nada
fico a ver estrelas, sinais, pontos de interrogação, passarinhos a rodar à volta da cabeça e todos esse afins

custa a levantar mais uma vez

mas tem que ser

and

the show must go on

domingo, 10 de janeiro de 2010

Vou-me esconder, no quarto
esconder das pessoas
esconder da realidade
tapar os ouvidos para que os sons não entrem
fechar os olhos para que as imagens não entrem

Não deixar ninguém entrar
no meu mundinho, barrar
só por um bocadinho
só um bocadinho
só para mim, só eu
Estou cansada das coisas que os outros quem fazer passar por outras coisas.
Todos fingimos ser outra coisa. Todos fingimos sentir outras coisas.
Sentes…? O quê?
Provavelmente não sentes de todo?

Não os vou nomear, embora me apeteça, embora me apeteça chamar tudo pelos nomes, atirar tudo à cara, assim de rojo
á espera que sejam verdades e não fingimentos de outras quais queres verdades, ou pseudo verdades
Obrigar a confrontar os próprios actos, as próprias verdades

Estou farta de coisas falsas e efémeras
Estou farta de coisas não nomeadas.
Foi-se embora,
desapareceu. E agora?
Já não está cá,
de repente já não existe
deixou de fazer sentido
foi-se embora
e agora?
Onde está o tino em tudo isto?
Viste?
percebeste?

Foi-se embora o sentimento que tinha por ti
desapareceu
Deixaste que deixasse de fazer sentido
Ficou cansado e desistiu